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Influência que dá gosto

Atualizado: 22 de set. de 2022

Por Patrick Fuentes



A herança colonial afetou a difusão do uso de temperos na culinária brasileira. A produção local de especiarias era proibida devido ao monopólio português no Oriente e ao acesso limitado pelo símbolo de status que elas tinham.


De lá para cá, porém, os hábitos de consumo e nossas influências mudaram, indo do boca a boca a um story de distância para conhecer uma nova cultura. Pelas telas, reality shows ou influencers culinários, esses ingredientes são ressignificados na culinária brasileira.


“Eu vejo pelos meus alunos, que às vezes na aula comentam ‘olha, cê viu Fulano fazendo tal prato? cê viu como ele apresentou o prato ou cozinhou um ingrediente?’”, conta a chef e professora da Le Cordon Bleu, Susana Juhn, especialista em culinária asiática, cujos pratos são bem temperados.


Ela explica que o plantio e a facilidade de acesso a esses recursos influenciam a cozinha local, como na Índia, um polo importador de temperos, cujo mercado interno absorve 90% da produção local do país graças à tradição do uso em sua culinária.


O cravo, de cheiro pungente e caloroso, é símbolo disso, usado do arroz indiano ao curry, molho indiano de sabor salgado e apimentado. Mas a cozinha oriental também acabou incorporando especiarias importadas em seus pratos, como na Tailândia, que adotou o uso da pimenta caiena, com seu ardor lacrimejante e absorvida pela culinária local.


Gessica Sponchiado, gerente de marketing da Kitano, uma das principais marcas de temperos no país, concorda com a chef e afirma que os efeitos dos meios digitais no mercado interno são notados na busca por novos temperos e combinações, como o chimichurri, tempero misturado da região dos pampas com semente de mostarda e diversos tipos de pimenta.


“Ele saiu da sua exclusividade no mundo das carnes e churrasco, passando a fazer parte da culinária, do dia a dia e em novas misturas e preparos”, conta ela sobre essa adaptação culinária desse tempero em pratos do cotidiano.


Para Paula Martins Chueri, especialista no treinamento de profissionais de culinária do Senac São Paulo, as influências digitais e de programas culinários, como o Masterchef, apresentou à população tendências culinárias que focam na forma de lidar com ingredientes do seu cotidiano, seu preparo e apreciação dos seus sabores, como o movimento Slow Food.


Dessa maneira, o conteúdo midiático torna-se responsável por disseminar o conhecimento sobre temperos — sejam os mais comuns ou regionalizados — e aumentam a curiosidade daqueles que querem se arriscar na cozinha, criando demanda em uma cena culinária onde os temperos são pouco explorados.


Arte: Adrielly Marcelino e Jorge Fofano

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