TEXTO: Juliana Santos
o futuro ou a morte da linguagem?
Emoji é língua?
Desde 2004, o Dicionário de Oxford escolhe a “palavra do ano”, baseado no uso e interesse registrado ao longo dos últimos doze meses.
Em 2015, a escolhida foi esta: 😂
Mas um emoji pode ser uma palavra? Para a professora de Estudos Linguísticos na UFMG, Vera Menezes, trata-se de um recurso visual, multimodal. Ela explica que, mesmo antes da comunicação digital, pessoas utilizavam ferramentas visuais para expressar o que o verbal não conseguia transmitir.
Afinal, não é estranho terminar um bilhetinho com um símbolo de coração, ou entender que o traço acima da vogal pede um som agudo. “Até quando eu falo com você”, explica a professora, em um telefonema de São Paulo para Minas Gerais, “eu me pego fazendo gestos com as mãos, apesar de você não estar me vendo”.
Hoje, emojis estão a um toque de distância, no mesmo teclado que encontramos um “A” ou “?”. Esta facilidade fez da comunicação visual essencial na era do smartphone, incorporando-se à linguagem escrita.
Mas não é porque usamos 💖 que deixaremos de dizer “eu te amo”. Vera explica que “a língua não está sendo ameaçada por estes recursos”, pelo contrário: “eles só enriquecem a linguagem”.