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‘Fomos feitos para brilhar’

Por Caio Nascimento

Quatro pessoas transsexuais contaram ao claro! o olhar do outro sobre elas. Rejeição dos pais, acolhimento no mundo das drogas, agressão física e falta de empregos são alguns traços da falta de empatia por essas pessoas no Brasil - país que lidera o ranking mundial de assassinatos transfóbicos, com 868 mortes entre 2008 e 2016, segundo a ONG Transgender Europe. Na luta contra isso, essa população tem se empoderado na busca por direitos e pela superação pessoal.

LAURA FIDELIS, 31

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Uma facada no braço marcou a vida de Laura. A agressão partiu de um homem que tentou matá-la. Ainda adolescente, o preconceito que sofria quase a levou ao suicídio. Hoje, Laura trabalha com o projeto Transcidadania, da Prefeitura de São Paulo e sonha em cursar Gestão de Pessoas ou Serviço Social para ajudar pessoas em vulnerabilidade. “[Nós, mulheres e homens trans] fomos feitos para brilhar”, aponta.

DUDA VALENTINA, 40

Duda saiu da cadeia há 4 meses, após ser presa por tráfico em 2013, e tentou recomeçar a vida ao lado do então marido num albergue de Sorocaba. Mas isso não a tirou da marginalidade: quando as pernoites no abrigo venceram, o casal acabou indo para a rua e foi apedrejado por homofóbicos. No dia 20 de outubro, Duda largou o rapaz e veio para a capital paulista, onde está morando num centro de acolhimento para transsexuais. “Pretendo cursar enfermagem e arranjar um emprego. Não quero o mundo das drogas e nem o da prostituição”, diz.

STÉFANO ARAÚJO, 21

"Estou vivendo os dias mais lindos da minha vida", disse Stéfano com um sorriso no rosto ao falar da cirurgia de retirada dos seios, que realizou em setembro deste ano. Com o sonho de cursar Direito, o rapaz ambiciona ser um jurista em defesa dos direitos LGBTs e se orgulha de ter arranjado, recentemente, um emprego registrado em carteira assinada com o seu nome social. “Eu dependia de um papel de gênero para mostrar que eu sou capaz de trabalhar. Gostavam de mim, mas me rejeitavam por saberem que eu era trans. Espero que eu não sofra preconceito nesse novo emprego”, afirma.

Margot foi expulsa de casa em outubro por não ser aceita pelos pais. Filha adotiva, foi escolhida num orfanato aos 2 anos de idade, mas alega que nunca soube o que é ter o amor familiar, já que fora rejeitada. Única negra da família e incisiva com as palavras, ela avisou ainda pequena aos pais que gosta de meninos. Aos 13, começou a se envolver com as drogas e a prostituição. “Eu buscava na rua o que não encontrava dentro de casa, o amor”, relembra. Margot sonha em estudar Antropologia quando terminar o 3º ano do ensino médio no final deste ano.

MARGOT VENTURA, 20

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