top of page

O diagnóstico não pode esperar

Cadu Everton



Arte e Imagem: Ana Paula Alves e Maria Clara Abaurre

Todos os dias, a agente de saúde, Roseli Maria, caminha pelas ruas de Diadema, região metropolitana de São Paulo, sempre em busca de informações dos pacientes da UBS do bairro Promissão, onde trabalha. Ela sobe ladeiras, bate de porta em porta e verifica se os pacientes estão tomando os medicamentos corretamente, aos que não aparecem no posto de saúde há muito tempo ela informa da necessidade de realizar exames de rotina, porém, mesmo assim ainda há quem resista em ir atrás de atendimento médico preventivo.

Muitos pacientes procuram o serviço de saúde apenas quando estão sentindo os sintomas da doença. Na visão da médica da família, a Magali Natashi, esse é um fator que dificulta o diagnóstico precoce de enfermidades, principalmente no caso de doenças silenciosas, como a Diabetes, as quais já se manifestam com sintomas graves.

De acordo com estudo de 2021 da Federação Internacional de Diabetes, 15,7 milhões de adultos vivem com a doença no Brasil. Dentre essas pessoas, estima-se que quase um terço (32%) ainda não tenham sido diagnosticadas.

Segundo João Bosco, mastologista e ginecologista, essa demora na identificação e no tratamento está na lentidão do sistema público de saúde. Uma pesquisa da Fundação do Câncer revelou que 65,7% das mulheres com câncer de mama esperam mais de 60 dias por tratamento no SUS.

Para o médico, deixar de investir em diagnóstico precoce tem um preço mortal, já que a chance de sobrevivência dos pacientes diminui conforme o tempo de espera para o tratamento aumenta. A estatística do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 66.280 novos casos de câncer de mama, com 18.032 registros de mortes pela doença em 2021, uma taxa de mortalidade de 27.2%.

Além de aumentar e acelerar o atendimento de pacientes, João Bosco acredita que é preciso intensificar a busca ativa, ir atrás dos indivíduos em suas residências, enquanto para a agente de saúde que já realiza esse trabalho, é importante também educar as pessoas sobre a necessidade de realizar o tratamento.

Ela lembra de um paciente, que mesmo diagnosticado com diabetes, não tomava corretamente os medicamentos nem realizava uma alimentação adequada, por isso, ele perdeu a visão, ficou na cadeira de rodas e aos 33 anos veio a falecer. Para a agente, seu trabalho é repetitivo e também cansativo, mas mesmo assim ela segue a caminhar, pois o bairro é grande e o tempo é curto.



Colaboraram:

Magali Natashi - Médica da Família da Unidade Básica de Saúde Promissão

João Bosco Ramos Borges - Ginecologista e Mastologista, Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia-Regional São Paulo

Roseli Maria - Agente de Saúde da Unidade Básica de Saúde Promissão

17 visualizações

Posts Relacionados

Ver tudo

Comments


bottom of page