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Karina Merli, Pedro Ezequiel

Resistir é florescer


Arte: Bianca Muniz; foto: Agência Brasil


Na letra de uma canção, o poeta diz que as rosas não falam. Com a licença poética de Cartola, músico negro, afirmamos que as rosas são algo a mais: símbolos. E elas exalam momentos históricos de luta.


Momentos fortes, longe de lembrarem uma pétala de flor.


Assim como foi o maior símbolo de bravura contra o racismo, a morte e a desumanização dos tempos da colonização. Sob os cuidados de Zumbi e Dandara dos Palmares, essa resistência local luta, hoje, para ficar viva nos livros e na nossa memória.


O claro! quer ilustrar a resistência que se enraizou na história, como a ditadura em nosso país, que reprimiu quem lutou pela volta da democracia. Se armar, naqueles tempos, era com braços e canções — inclusive como aquela que dizia que falaria das flores. Metros abaixo de suas raízes, há história também prestes a ser descoberta.


Mas há outros tempos em que a palavra tema vira o sinônimo da sensibilidade e delicadeza, como a rosa. Antes de tudo, é preciso aprender a semear e cuidar do desenvolvimento da resistência. Isso é um processo que começa na infância e cresce com a gente, ao longo da vida. Sempre de dentro para fora.


E quem é que pode não se preocupar com isso? Se contarmos que são os aparelhos eletrônicos, talvez não tenha nenhuma surpresa. Quem pode ser fraco, muitas vezes, é quem tem que manter a postura rígida.


Mas convenhamos, todos podem se encantar com a beleza de uma doce tentação, enquanto se fascinam com provas extremas de reality shows ou com defesas gloriosas em uma partida de futebol.


Entender a necessidade de mudar e enfrentar a novidade é um caminho cheio de espinhos, o qual só é possível atravessar com os punhos cerrados, ciente de que ele não é curto.


E há muitas questões que ainda precisam ser encaradas no hoje: a ciência não é mais creditada, a nossa casa está em chamas. Quem é que resiste ao que parece o fim do mundo? Ou o quanto o mundo resistirá a nós?


É preciso marcar presença, como Marielle, e se atentar ao que acontece. Por mais que se esteja no mais pessimista dos cenários. Como disse outro poeta negro, Mano Brown, até no lixão é capaz de nascer uma flor. E lá, ela ficar.

 

Expediente: Reitor: Vahan Agopyan. Diretor da ECA-USP: Eduardo Henrique Soares Monteiro. Chefe de Departamento: André Melo de Chaves Silva. Professora Responsável: Eun Yung Park. Editores de Conteúdo: Karina Merli e Pedro Ezequiel. Editores Online: Giovanni Marcel e Yasmin Caetano. Editores de Artes: Bianca Muniz e Mariana Arrudas. Repórteres: Caio Mattos, Caroline Aragaki, César Costa, Diego Bandeira, Diego Macedo, Fernanda Pinotti, Gabrielle Torquato, Gabrielle Yumi, Hugo Vaz, José Carlos Ferreira, Laura Alegre, Leonardo Lopes, Letícia Camargo, Luccas Nunes, Maria Laura López, Mariana Cotrim, Mayumi Yamasaki, Pedro Teixeira, Renan Sousa, Samantha Prado, Sofia Aguiar, Tainah Ramos, Tiago Medeiros e Vital Neto. Capa: Bianca Muniz e Mariana Arrudas. Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Prédio 2 - Cidade Universitária, São Paulo/SP, CEP: 05558-900. Telefone: (11) 3091-4211

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