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Fibra que rompe

Luana Franzão e Ramana Rech Duarte


Arte por Luana Benedito e Amanda Mazzei

Ao se olhar no espelho após dar à luz a seus filhos, Andressa de Almeida não se reconhecia mais. Em sua segunda gestação, havia sido ainda mais difícil se sentir bem dentro da própria pele, já tão modificada.


Embora não tivessem surgido novas estrias, a flacidez que chegou na gravidez do segundo filho a incomodava muito. Tampouco o período da gestação havia sido tranquilo por conta de problemas dentro do casamento e depressão pós-parto. Nunca havia gostado de seu antigo corpo, mas agora o queria de volta.



Andressa de Almeida durante a gravidez/Foto: Cedida por Andressa de Almeida

A doutora em antropologia pela UFF, Sara Sousa Mendonça, comenta que, aos olhos da sociedade, as marcas na pele são a representação física de uma espécie de mácula que se assume ao se passar a exercer um papel de mãe.



Após passar por toda a fase de aceitação da espera de um filho e, apesar da turbulência de conciliar gravidez com faculdade, a possibilidade de marcas na pele também não saíam da mente de Livian Marques. Por isso, mantinha uma cuidadosa rotina de cremes e óleos para mantê-la sempre hidratada.


Marcas na pele de Livian Marques após a gestação/Foto: Cedida por Livian Marques

Mas não teve jeito. A pele de Livian foi ficando cada vez mais esticada para acomodar o filho que crescia na barriga e, a partir do 8º mês, suas fibras de colágeno se esgarçaram a tal ponto que deixaram sulcos na pele.


Tratamentos a laser, com ácidos (conhecido como peeling) ou com microagulhas são algumas das opções mais procuradas para tentar amenizar as cicatrizes. No entanto, algumas vezes, o dano ao colágeno é irreversível e as estrias não vão embora, como explica Mauro Cunha Ramos, doutor em Dermatologia.




Marcas na pele de Andressa de Almeida após a gestação/Foto: Cedida por Andressa de Almeida

Jhennifer se sentiu linda durante a gestação: cabelos, pele, além da barriga, que gostava de ver crescer. Novas estrias e o escurecimento da pele em algumas regiões inicialmente pouco importavam, pois a nova fase a empolgava. Quando Lucas chegou, foi como dormir nove meses como uma pessoa, e acordar como outra.



Diferentes corpos e diferentes histórias geram comparações — Bárbara encontrou nas redes sociais um prato cheio delas. Estar na pele das mães, em uma diversidade de aspectos, é desafiador — comentários, ou mesmo simples olhares despertam vergonha e vontade de, ao menos tentar, apagar o que foi marcado.



 

Colaboraram: Andressa de Almeida, influencer digital, 27 anos

Bárbara Bonaveto, esteticista, 26 anos

Jhennifer Martins, influencer, 21 anos

Livian Marques, publicitária, 22 anos

Mauro Cunha Ramos, doutor em Dermatologia pela UFRJ

Sara de Sousa Mendonça, doutora em Antropologia pela UFF, especialista em corpo, gênero e saúde




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