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Cuidado na palma da mão

Por André Amorim e Caio Cesar Pereira


Arte por Amanda Mazzei e Luana Benedito

Todos os dias, lavar o rosto com água gelada pela manhã, usar um sérum, aplicar um creme com vitamina C e protetor solar. Em outros, também, fazer uso de máscara facial, dependendo de como a pele e o tempo estão, além de hidratante corporal, para evitar o ressecamento. Esta é a rotina de skincare — práticas para o cuidado e tratamento da pele — do estudante de fisioterapia Luan Dourado, 22, mas que representa o ritual de muitas outras pessoas que decidiram investir em autocuidado.


De acordo com um estudo feito pelo instituto de pesquisas de mercado Segmenta, neste ano, o hábito de skincare obteve um aumento de 43,8% entre os consumidores do setor.


Para a dermatologista Camila Meccia, a pandemia fez com que as pessoas passassem a olhar mais para si mesmas, seja no espelho ou em chamadas de vídeo durante o teletrabalho. "As redes sociais também se tornaram ferramentas mais utilizadas e com grande influência na autoimagem", ela completa. Tais fatores foram fundamentais para o aumento registrado.


E engana-se quem pensa que o mercado é voltado apenas para o público feminino. Uma pesquisa realizada pela empresa americana de cosméticos Olay revelou que 70% dos homens pegam “emprestado” os produtos de skincare de suas parceiras.


Parte do crescimento se deve também ao surgimento de canais e páginas nas redes sociais sobre o assunto. Um dos exemplos é o influenciador americano Hyram Yarbro, que, segundo levantamento realizado pela revista Vogue, teve um aumento de mais de seis milhões no número de seguidores em seu canal no YouTube durante o período pandêmico.


As facilidades do e-commerce para adquirir os produtos e a popularização da prática nas redes sociais, entretanto, podem gerar confusão, afinal, a quantidade de rituais pela internet são cada vez maiores. Para muitos, o cuidado com a pele envolve seguir uma série de passos, além da utilização de diversos produtos.


Camila, porém, esclarece: “O mais importante é entender o passo a passo de limpeza e de cuidado, adequando os produtos para o seu tipo de pele junto com um dermatologista”. Ela ainda reforça que utilizar produtos inadequados pode provocar irritações na pele, piorar outras condições dermatológicas, além de gerar gastos desnecessários.


Já o crescimento de canais e páginas relacionadas ao skincare se revelou uma faca de dois gumes para o usuário. A difusão de práticas variadas, para além de esclarecimentos sobre sua importância, também abriu as portas para a desinformação.


Loma Sernaiotto, publicitária especialista em estética e cosmética, ressalta os perigos e cuidados necessários quando o assunto é saúde: "Esta popularização deu abertura para a propagação de mitos e o fomento de medo, além de ter se tornado plataforma para muitas mídias de pseudo-ciência”. Ela defende que, antes de se autodiagnosticar com qualquer condição de pele, ou inserir produtos que possam trazer risco à sua saúde, é preciso consultar um dermatologista.


 

Colaboraram:

Camila Meccia, médica dermatologista e membra da American Academy of Dermatology

Loma Sernaiotto, publicitária especialista em estética e cosmética, e fundadora do e-commerce e curadoria de produtos vegano uGlow

Luan Dourado, estudante de fisioterapia na Universidade Paulista


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