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Arte por Pedro Ferreira e Rebeca Alencar

o poder sob a pele

Com capacidades e propriedades únicas, certo órgão começou a ganhar a devida atenção. Muitos séculos se passaram sem que ele fosse de fato visto. Era considerado sem muita utilidade, algo acessório, mas nos últimos 50 anos, ele passou a ser mais estudado, sua anatomia e importância desvendadas.

Ele age na liberação dos Quatro Cavaleiros do bem estar: endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina. Os “hormônios da felicidade”. O título não é um exagero, entre outras funções, eles são essenciais para regular e manter o equilíbrio do humor.

A endorfina combate a ação do estresse no corpo, além de poder ajudar em suas linhas defensivas ao fortalecer o sistema imunológico. A serotonina é muito hábil em manter a moral nas batalhas diárias, regulando o sono, apetite, funções cognitivas e ritmo cardíaco. Sua presença pode definir os rumos da luta e sua ausência pode estar relacionada a depressão e ansiedade. A dopamina é essencial para se manter de pé, ajuda a manter a motivação, movimento, criatividade e foco. Por fim, a ocitocina age na memória e formação de laços sociais para manter a união.

E o poder desse órgão não está apenas nessa liberação, mas na sua capacidade de ser estimulado para tal. São cerca de 8 mil terminações nervosas concentradas num pequeno ponto, a glande. O mínimo toque, calor ou vibração é transformado em impulso neural e começa a reação em cadeia. Os vasos dilatam, mais sangue entra, ele incha, aumenta de tamanho e enrijece, ficando ainda mais sensível. Eis a ereção.

Mas ele vai muito além da glande. Seu corpo erétil forma um complexo escondido sob a pele, que se estende por 7 ou 9 centímetros. Assim, o toque na pele também pode causar arrepios prazerosos e fazer um calor correr pelo corpo. Desde carícias delicadas com as pontas dos dedos, até beijos profundos e apaixonados ou movimentos rítmicos de entrar e sair.

E como tal órgão passou despercebido? Simples: ele pertence unicamente a pessoas com vagina. A única função do clitóris era gerar prazer para quem era identificada como mulher. O que não era exatamente uma grande preocupação para a sociedade médica. Ou para a sociedade em geral. Com sua pequena glande aparente, suas hastes e bulbos sob os lábios vaginais, o clitóris pode ser excitado tanto pela glande quanto pela penetração, já que seus bulbos são extremamente próximos ao canal vaginal.

Quando era notado, sua importância era dizimada e o prazer feminino associado apenas a penetração e seu agente. O clássico e icônico Pênis seria a primeira coisa a ser pensada quando as palavras “prazer”, “ereção” e “sexo” fossem ouvidas. 

Assim, o clitóris foi considerado menor.

Escondido dos olhos da sociedade sob a pele, ele faz seu papel como único órgão exclusivamente dedicado ao prazer. Algo que nem o tão viril órgão masculino é.

 

colaboraram:

Ana Lúcia Cavalcanti, doutora em ginecologia e obstetrícia e terapeuta sexual

Katiuscia Leão, mestre em sexologia clínica e consultora sexual

Fernanda Romeiro, psicóloga e sexóloga

Giulia Cerutti Dalvi, ginecologista e obstetra

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