claro!
pequeno
Arte por Pedro Ferreira e Rebeca Alencar
revelações da imensidão
Fé que foi de lá! Que foi do sopro no corpo de barro ungido pelas mãos benevolentes do Deus cristão. Que foi da manifestação dos orixás que rege cada candomblecista e umbandista em suas diferenças. Que foi do poder de vibrações divinas ou do sopro de Alá na particular estrutura de um feto humano.
Nessa mesma maré: a ciência, afirmando que foi de um ser microscópico. Até o surgimento de uma espinha dorsal, do mais remoto vertebrado da Terra.
Afinal, de onde viemos? No mar das religiões estamos navegando num barco, cheio de redes, que traz consigo desde o resoluto ateu ao afirmado crente.
A fé são as ondas, que o levam para frente. E o comandante? Cada um diz o seu. No final, o silêncio domina, pois somos como pequenos peixes em um oceano de religiões.
Para muitos, o comandante é uma força que guia. Mas como a fé nos auxilia? Para alguns, ela dá uma resposta; para outros, segurança. As religiões possuem nas suas teologias o poder da atração de fiéis, e isso ocorre através da mistura das nossas referências religiosas, familiares e culturais. Elas nos capturam: nós, criaturas soltas pelo mar com desejo de pertencer.
Mas nela ainda existem conexões difíceis de se explicar. Quanto vale apostar na fé, se no íntimo ninguém tem acesso a uma conclusão verdadeira sobre a vida e na maioria das vezes não sabe por que adere aos dogmas da sua crença?
O pensamento espírita reflete que a inteligência humana ainda é pouco capaz de compreender o que há por trás da grandiosidade do Universo. Essa é a manifestação da dificuldade humana de compreender o fator extraordinário presente nas religiões.
São inúmeras as culturas que ao longo da história produziram suas próprias respostas para o descontentamento do ser humano com o divino. A cada evolução da humanidade surgem respostas, mas a dúvida persiste.
O que causa essa sensação de medo e ao mesmo tempo de confiança em um Ser Superior é explorado através das revelações. E elas podem vir como uma profecia, uma visão, uma ocasião que justifique essa força invisível. Mesmo assim, seguimos navegando neste barco que aproxima espiritualmente o Criador à criatura.
E para que nele a paz seja plena, ninguém pode afundar. Porque existe um ponto comum em todas as crenças: o de que a plenitude espiritual só é alcançada quando se reconhece a insignificância da humanidade na Terra.
Não temos certeza, por isso seguiremos dizendo: “Fé que foi lá!”
colaboraram:
Alexandre Lopes, diácono
Aluísio Júnior, membro da Igreja Bíblica da Paz e professor de teologia cristã
João Simoncello Filho, diretor da Associação Presbíteros de auxílio a padres
Marta Antunes Moura, vice presidente da Federação Espírita Brasileira
Ìyá Inaê D'Yemanjá, umbandista e cartomante