top of page

Tudo igual, mas diferente

Por Marina Reis

Arte por Danilo Moliterno e Gabriella Sales

Há muito tempo, nesta mesma galáxia, os primeiros humanos buscavam respostas para fenômenos naturais que pareciam inexplicáveis e inspirações para enfrentar o desconhecido. O mundo era vasto e selvagem e a coragem indispensável na luta pela sobrevivência.


Sabe o que eles fizeram? Contaram histórias!


E cada uma dessas aventuras inventadas desde aquela época foi composta a partir de noções reais das aventuras vividas através dos tempos. A crítica de cinema

Lorenna Montenegro acredita que todas elas bebam de uma mesma fonte: o monomito de Joseph Campbell.


Essas são narrativas que começam com a necessidade de deixar lugares comuns e explorar novos cenários e possibilidades. Você já deve ter ouvido algo como a história de um personagem que topou ajudar alguém, teve de fazer uma viagem perigosa para cumprir uma missão importante e acabou saindo dessa com muito mais que o esperado. Mas por quê alguém se lançaria ao desconhecido? Os motivos do personagem principal para iniciar uma aventura geralmente envolvem a busca por uma transformação interna, uma auto-superação ou esclarecimento.


Segundo a professora Rosa Riche, a palavra vem do latim adventurus, significando “o que vai acontecer”. Implícitas ficam as incógnitas do futuro. “Essa ideia assume o risco natural de tudo que é imprevisível. E os aventureiros, diferente das pessoas comuns, gostam de buscar esse risco. Esse espírito aventureiro é inerente ao ser humano. Desde que o mundo é mundo, o homem está sempre buscando algo diferente e é isso que move a humanidade”, diz a professora.


A partir daí, a viagem é longa. Depois de enfrentar feras terríveis e defender seus ideais ao se manter em um caminho árduo, chega à catacumba em que supostamente está o objeto que procura. Tan-tan-taaan... É agora ou nunca. Passos cuidadosos na escuridão levam até o prêmio final.


Mas chega o momento de maior tensão.


É claro que o saco de areia não seria suficiente para impedir que a armadilha disparasse. Tarde demais. Corre para a saída com o artefato em mãos, enquanto as paredes caem e flechas venenosas voam em todas as direções. Pula um buraco, desliza pela última frestinha da porta e… Ufa! Chega no lado de fora.


Tan-taran-taaan, taaan-taraaaan! Todo herói precisa de uma trilha sonora.


Mas a ação não acaba. Talvez ainda precise correr de uma enorme bola de pedra, ou um grupo de nativos furiosos, ou um vilão ganancioso de sotaque britânico. E mesmo assim… Tcharaaam! Escapa!


E a gente vai junto até que finalmente haja a volta para casa, seja virando as páginas ansiosamente ou sentando na pontinha da cadeira no cinema. Apesar dos chavões narrativos, seja na pré-história ou num futuro distópico e alienígena, as aventuras continuam inspirando.


Para a escritora Renata Ventura, essas histórias têm um papel importante: “Toda aventura é sobre amadurecer, superar grandes perigos e, assim, encontrar a si próprio. Elas nos ajudam a vivenciar situações que provavelmente nunca passaríamos na vida real e toda essa experiência extra que ganhamos também nos faz amadurecer, de certa forma.”


 

Colaboraram:

Marco Antônio de Almeida, professor das Ciências Sociais na USP de Ribeirão Preto

Rosa Maria Cuba Riche, professora do Departamento de Línguas e Literatura da UERJ

Lorenna Montenegro, crítica de cinema, roteirista e professora da Academia Internacional de Cinema

Rafael Blas, diretor de arte e cenógrafo

Renata Ventura, jornalista e autora da série de livros “A Arma Escarlate”


Commentaires


bottom of page